Marcas de uma Igreja Apostólica - Parte V: Apelação ao Presbitério e o Governo Conjunto
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Para uma correta compreensão deste post, leia atentamente todo os capítulos 15 e 16 de Atos.

Bom, como o capítulo é grande para ser transcrito aqui, vou procurar resumir. Alguns homens desceram da Judéia para Antioquia e ensinaram àquela igreja que a circuncisão era necessária para a salvação. Paulo e Barnabé se posicionaram contra o ensino deles, mas em vão. Então, foi decidido que alguns da igreja de Antioquia, inclsuive Paulo e Barnabé, deveriam ir para Jerusalém e expor o problema aos apóstolos e presbíteros.

Em Jerusalém, os apóstolos e presbíteros reuniram-se para considerar a questão. Depois de muitas diferenças de opiniões, Paulo levantou-se para falar. Em seguida foi a vez de Pedro expor suas considerações. Barnabé também teve a sua oportunidade de expor sua opinião, alternando com as opiniões de Paulo. Tiago também teve a sua vez, confirmando e apoiando a opinião de Paulo.

Vemos a opinião de Tiago sendo aprovada pela Assembléia. Os apóstolos e presbíteros juntamente com toda a igreja, concordaram em enviar Judas e Silas para Antioquia, com Barnabé e Paulo encarregados de anunciar o resultado. A decisão tomada naquela Assembléia foi expressa em cartas enviadas com os nomes dos apóstolos, presbíteros e irmãos aos gentios cristãos de Antioquia, Síria e Cilícia. A multidão se reuniu para ouvir qual tinha sido a decisão da reunião em Jerusalém. Vemos que a carta foi entregue e lida. O povo se alegrou ao ouvir aquelas palavras consoladoras.

Vemos também Paulo e Silas saindo de Antioquia para visitarem outras igrejas na Síria, Cilícia, Derbe, Listra e outras cidades da Ásia Menor, falando o que os apóstolos e presbíteros tinham ordenado e incentivando aos irmãos a observarem o que havia sido decidido (Atos 16.4).

Diante da narrativa dos capítulos 15 e 16 de Atos, notamos os seguintes fatos:

  1. Barnabé e Paulo tiveram uma disputa sobre a circuncisão com alguns falsos mestres que desceram à Judéia;
  2. Esta disputa não foi resolvida na Igreja de Antioquia onde a polêmica se originou;
  3. O problema foi levado a uma assembléia eclesiástica externa que era composta pelos apóstolos e por presbíteros em Jerusalém;
  4. Esta assembléia reuniu-se publicamente para decidir sobre a questão;
  5. Eles chegaram a uma decisão;
  6. Vemos as igrejas de Antioquia, Síria. Cilícia e demais igrejas da Ásia Menor se submetendo à decisão tomada no Concílio de Jerusalém.

Tudo o que foi registrado nas Sagradas Escrituras com respeito a esse acontecimento nos serve de exemplo para imitarmos o governo da igreja primitiva.

Teria sido suficiente para a Igreja de Antioquia saber a vontade de Deus sobre a questão através do apóstolo Paulo que estava presente, pois o apóstolo poderia ter declarado a decisão com uma precisão infalível. Paulo não apenas falava movido pelo Espírito Santo, mas freqüentemente decidia questões igualmente importantes com apenas uma palavra de seus lábios ou com um simples traço de sua pena.

Uma única sentença do apóstolo que estava presente no debate em Antioquia teria sido decisiva quanto a qualquer questão relacionada à fé ou ao dever cristão. Se uma única decisão infalível era a única coisa requerida, então por que o problema foi levado adiante? Por que houve tanta discussão na assembléia em Jerusalém? Por que vários apóstolos tiveram que emitir a sua opinião um de cada vez? Não bastaria apenas a opinião de um?

Se a questão tivesse sido resolvida apenas com uma palavra inspirada de Paulo, não haveria razão alguma para os presbíteros se reunirem com os demais apóstolos para analisarem o problema. Os apóstolos eram capazes de declararem a vontade de Deus sem precisar da ajuda de homens que não eram inspirados! E digo mais: não haveria a necessidade de tantos apóstolos, uma vez que bastaria apenas um apóstolo declarar a vontade de Deus por uma palavra inspirada.

Por que a decisão foi enviada em nome dos apóstolos e presbíteros que estavam em Jerusalém para todas a igrejas da Ásia Menor? Sabem por quê? Porque esses eventos foram permitidos que acontecessem e registrados nas Sagradas Escrituras para nossa orientação em quaisquer situações similares a esta. Surgindo uma questão quenão pode ser resolvido na congregação local, esta questão deve ser levada aos governantes (presbíteros) da igreja reunidos em um Concílio.

Chegamos à conclusão de que na Igreja Apostólica havia o privilégio de levar matérias à apreciação de uma assembléia de homens que não estavam no âmbito da igreja local onde a matéria havia se originado, assembléia esta que era composta pelos governantes da igreja; e que esta assembléia eclesiástica, na ausência dos apóstolos, sendo composta apenas pelos presbíteros da igreja, tem o direito de se reunir, decidir e exigir que a sua decisão seja obedecida no Senhor por todas as igrejas subordinadas ao presbitério.

Mas antes de terminarmos, é necessário que se faça algumas observações com base naquilo que o registro Sagrado nos oferece. O texto Sagrado nos fala que algumas pessoas estavam presentas à assembléia. Estas pessoas não ocupavam cargos oficiais na igreja. Eles são chamados de "irmãos". Sobre eles encontramos algumas informações:

  1. A referência original de Antioquia não era em direção aos irmãos, mas aos apóstolos e presbíteros (At 15.2);
  2. Não é dito que os irmãos estavam reunidos para deliberar sobre a questão, mas que "se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão" (At 15.6);
  3. Não é dito que or irmãos tinham a oportunidade para se pronunciarem sobre a questão, mas que "toda a multidão silenciou" enquanto os outros falavam (At 15.12);
  4. A decisão não foi tomada pelos irmãos ou com eles, mas "pelos apóstolos e presbíteros de Jerusalém" (At 16.4);

Notem que os membros particulares da igreja, aqui chamados de "irmãos", não tomaram as decisões, não falaram na assembléia, não se reuniram para decidir sobre a questão e nem receberam o apelo que fora levado de Antioquia (o apelo não foi dirigido a eles). Os "irmãos" foram meros ouvintes de uma assembléia onde somente os apóstolos e presbíteros decidiram sobre a questão.

A carta contendo a decisão da assembléia foi escrita em nome dos presbíteros, dos apóstolos e dos "imãos". Isso não significa que os "irmãos" participaram ativamente da decisão. A inclusão dos "irmãos" não significa que eles participaram da redação da carta, mas simplesmente que eles concordaram com o teor dela. Temos outras situações na Bíblia de cartas escritas por apóstolos, onde vemos a inclusão de nomes de homens não inspirados, como é o caso de 1 tessalonicenses. A inclusão de Silvano e Timóteo não revela que eles eram inspirados e muito menos que eles eram co-autores da carta junto com Paulo.

Portanto, concluímos a quinta marca (ou quinto princípio) da Igreja Apostólica dizendo que na Igreja Apostólica, havia o privilégio de apelar para o presbitério para deliberar sobre algum assunto, deliberação esta que não cabia a um único membro do presbitério ou dos membros da igreja, mas que era exercido somente pelos membros do presbitério em conjunto.

No próximo post da série "Marcas de uma Igreja Apostólica", iremos abordar a sexta e última marca da igreja apostólica. Até lá.

Autor: heitor Alves

Fonte: [ Blog dos Eleitos ]
. http://bit.ly/c55vfb

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