Buscando a alegria na alegria do amado - John Piper

E qual é a maior alegria da igreja? Não é ser purificada e santificada, para depois ser apresentada como noiva ao Cristo soberano, cheio de glória? Assim Cristo buscou a sua própria alegria, sim — mas buscou-a na alegria da igreja! É isso que o amor é: a busca da própria alegria na alegria do amado.

Em Efésios 5.29, 30, Paulo leva o prazer de Cristo ainda mais longe: "Ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a Igreja; porque somos membros do seu corpo". Por que Cristo alimenta e cuida da igreja? Porque somos membros do seu corpo, e ninguém odeia o seu próprio corpo. Em outras palavras, a união entre Cristo e sua noiva é tão íntima ("uma só carne") que qualquer bem feito a ela é feito a ele mesmo. A afirmação direta desse texto é que esse fato motiva o Senhor a alimentar, cuidar, santificar e purificar sua noiva.

De acordo com algumas definições, isso não pode ser amor. Diz-se que o amor tem de ser isento de interesse próprio — especialmente o amor semelhante ao de Cristo, do tipo que se mostrou no Calvário. Nunca consegui ver este tipo de amor encaixar-se nessa passagem das Escrituras. No entanto, o que Cristo faz por sua noiva, esse texto claramente chama de amor: "Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a Igreja..." Por que não deixar o texto definir para nós o que é amor, em vez de tirar nossas definições da ética ou da filosofia?

Segundo esse texto, amor é a busca da nossa alegria na alegria santa do amado. Não há meio de separar o interesse próprio do amor, porque interesse próprio não é a mesma coisa que egoísmo. O egoísmo busca sua felicidade particular à custa dos outros. O amor busca a sua felicidade na felicidade do amado. Chega até a sofrer e a morrer pelo amado, para que sua alegria seja completa na vida e pureza do amado.

Mas Jesus não disse que devemos "odiar nossa vida"?

Quando Paulo diz: "Ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida", para depois usar o próprio Cristo como exemplo, será que está contradizendo João 12.25, onde Jesus disse: "Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna"? Não! Não há contradição. Pelo contrário, a concordância é notável.

A expressão chave é "neste mundo": quem odiar sua vida neste mundo mantê-la-á para a vida eterna. Não é um ódio definitivo, porque ao praticá-lo você conserva sua vida para sempre. Portanto, há uma maneira de odiar a vida que é boa e necessária, e Paulo não está negando isso ao dizer que ninguém odeia sua vida. Esse tipo de ódio é um meio de salvação e, por isso, um tipo de amor. Por isso é que Jesus tem de limitar o ódio de que está falando com as palavras "neste mundo". Levando em conta o mundo futuro, isso não pode mais ser chamado de ódio. Odiar a vida neste mundo foi o que Jesus fez quando "entregou a si mesmo pela igreja". Todavia, ele o fez pela alegria que lhe foi proposta. Ele o fez para poder apresentar sua noiva a si mesmo gloriosa. Odiar a própria vida foi o mais profundo amor por sua própria vida — e pela igreja!

As palavras de Paulo também não são uma contradição de Apocalipse 12.22: "Eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida". Eles estavam dispostos a ser mortos por Jesus, mas, ao odiar sua vida dessa maneira, "venceram" Satanás e conquistaram a glória do céu: "Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida" (Ap 2.10). Esse "não amar a própria vida, mesmo em face da morte" na verdade foi amar a vida além da morte.
Pare de falar mal dos pastores, o que importa é que eles estão ganhando almas para Cristo
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Volta e meia alguém me escreve ou comenta no meu blog que eu não devo me preocupar em denunciar os ensinos dos falsos profetas, e que o mais importante é que eles estão ganhando almas para Cristo.

Caro leitor, vamos combinar uma coisa? A Bíblia está cheia de textos que nos advertem sobre o surgimento de falsos profetas bem como da multiplicação de falsas doutrinas. Jesus mesmo disse: "Acautelai-vos dos falsos profetas" (Mt 7.15). "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos... operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos" (Mt 24.11,24). Cristo avisa claramente sobre um movimento de falsos sinais e maravilhas nos últimos dias, promovido pelos falsos profetas. Paulo compara esses falsos profetas a Janes e Jambres, que se opuseram a Moisés e Arão (2 Tm 3.8) com sinais e maravilhas operados pelo poder de Satanás. Pedro advertiu que assim como houve falsos profetas no tempo do Antigo Testamento, "assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras..." (2 Pe 2.1). O apóstolo João declarou que já em seus dias "muitos falsos profetas têm saído pelo mundo" (1 Jo 4.1).

Isto posto, torna-se impossível fazermos o jogo do contente fingindo que absolutamente nada está acontecendo não é verdade? Por acaso seria correto observarmos uma pessoa caminhando distraidamente em direção a um precipício e ficarmos calados? Claro que não! Da mesma forma não podemos nos eximir diante das aberrações ensinadas pelos adeptos de falsas doutrinas que tem enganado milhares de pessoas em nosso país.

Como bem disse o apóstolo Paulo ao escrever a sua 1ª epístola a Timóteo, nos últimos tempos alguns homens iriam apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, bem como a doutrinas de demônios. (I Tm 4:1)

Diante deste inexorável fato o Apóstolo Paulo orienta a Timóteo a agir firmemente diante do espírito da apostasia.


“CONJURO-TE, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” II Tm 4.1-3

Quanto a ganhar almas para Cristo, é importante ressaltar que nós crentes em Jesus não ganhamos nada! Somos no máximo servos inúteis usados por Deus para levar a Palavra do Evangelho da Salvação Eterna. Mesmo porque, quem convence o homem do pecado, do juízo e da justiça é o Espírito Santo. A salvação vem de Cristo, por Cristo e para Cristo, nada além disso!

Soli Deo Gloria!

Renato Vargens
Fonte: [ Blog do autor ]

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Loucos por Amor - João Calvino

- Somos loucos por amor a Cristo (1Co 4.10,11). Este contraste vem repassado de ironia e observações incisivas, pois era manifestamente intolerável, e deveras absurdo, que os coríntios fossem felizes em tudo e usufruíssem de fama segundo os padrões humanos, e ao mesmo tempo assistissem seu mestre e pai sofrer misérias provocadas pelos infortúnios externos e problemas de todo gênero. Há quem pense que Paulo se humilha desta maneira para que pudesse de alguma forma confiar na seriedade dos coríntios e ter as coisas que, como admite, ele mesmo não possuía. Aqueles que defendem este ponto de vista podem ser facilmente refutados à luz da pequena cláusula que vem imediatamente em seguida.

Portanto, ele está sendo irônico em admitir que os coríntios são sábios em Cristo, fortes e ilustres. É como se dissesse: "Vós desejais manter a reputação de sábios junto ao evangelho, ao passo que eu só fui capaz de vos pregar Cristo ao tornar-me louco aos olhos do mundo. Ora, quando me disponho em ser um louco ou gozar de tal reputação, pergunto se é justo que desejeis ser considerados como sábios. Dificilmente teríeis condição de afirmar que estas duas coisas vão bem juntas, a saber: que eu, que tenho sido vosso mestre, não passo de um louco por amor a Cristo, enquanto que vós permaneceis sábios." Segue-se que ser sábio em Cristo não alcança boa conotação aqui, porque, na verdade, eles queriam associar coisas que são completamente dissemelhantes.

O raciocínio nas frases que se seguem é similar: "Vós sois fortes" diz ele, "e famosos"; em outras palavras, "vos gloriais nas riquezas e recursos do mundo, e não podeis tolerar a ignomínia da Cruz. Entrementes, é razoável que eu seja obscuro e desprezível, e sujeito a muitas enfermidades na busca dos vossos interesses?" Mas esta queixa não leva nenhum respaldo da dignidade, porquanto, na verdade, ele não é um indivíduo fraco e desprezível entre eles. Resumindo, ele moteja da vaidade deles, porque as coisas viram de ponta-cabeça quando se esperava que os filhos e alunos se tornassem famosos e renomados, enquanto os pais permaneciam na obscuridade, e igualmente expostos a todos os insultos do mundo.

Até à presente hora. Aqui o apóstolo pinta um quadro vivido de suas circunstâncias pessoais, para que os coríntios aprendessem de seu exemplo a desistir de seu orgulho e a submeter-se de coração, e a abraçar a Cruz de Cristo juntamente com ele. Ele revela consumada habilidade, pois, ao lembrá-los das coisas que o transformaram num ser abjeto, ele estabelece sua ímpar fidelidade e sua infatigável solicitude em disseminar o evangelho; e, por outro lado, tacitamente censura a seus rivais que, sem apresentar quaisquer evidências, esperavam, não obstante, usufruir de um lugar de preeminência.

O cristianismo prático – (Sermão) – C. H. Spurgeon

"Disse Jesus: 'Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu
para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele. Enquanto é dia,
precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima,
quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo,
sou a luz do mundo'" (João 19.3,4).

Observem, caros amigos, nosso Senhor Jesus Cristo não se deixava desconcertar diante da mais violenta oposição dos seus inimigos. Os judeus tinham apanhado pedras para apedrejá-lo, e ele se escondeu deles; mas tão logo tivesse passado por um único átrio e ficado fora do alcance da vista deles, parou e fixou seus olhos num mendigo cego, que estava sentado perto da porta do templo. Receio que a maioria entre nós não tivesse ânimo para ajudar nem sequer os mais necessitados enquanto nós mesmos escapávamos das pedradas lançadas contra nós; e se tivéssemos tentado fazer essa obra, movidos por suprema compaixão, a teríamos levado a efeito de modo desajeitado, com muita pressão, e certamente não teríamos conversado de modo calmo e sábio, conforme fez o Salvador ao responder à pergunta dos seus discípulos, e passou a raciocinar com eles.

Uma das coisas dignas de nota no caráter de nosso Senhor é sua maravilhosa quietude de espírito, mormente sua notável calma na presença daqueles que o julgavam mal, e o ofendiam, e o caluniavam. É frequentemente vituperado, mas nunca perturbado; está frequentemente perto da morte, mas sempre cheio de vida. Por certo, ele sentia agudamente todas as contestações dos pecadores contra si, pois numa passagem nos Salmos que se refere ao Messias lemos: "A zombaria partiu-me o coração" (Sl 69.20). Entretanto, o Senhor Jesus não permitiu que seus sentimentos o dominassem, sempre estava calmo e com presença de espírito, e agia com profunda isenção das calúnias e ataques dos seus mais ferrenhos inimigos.
Entendo que, uma das razões por ele ser tão auto-suficiente, é que nunca ficava enlevado pelo louvor dos homens. Acreditem nisso: se alguma vez se permitirem ser agradados por aqueles que falarem bem de vocês, serão capazes de se magoarem na mesma medida por aqueles que falam mal de vocês. Mas se aprenderem (e é uma lição demorada para a maioria de nós) que não são servos dos homens mas, sim, de Deus, e que vocês não morrerão se eles os censurarem, então vocês serão fortes e demonstrarão que alcançaram a estatura varonil em Cristo Jesus. Se o grande Mestre se permitisse virar a cabeça pelos hosanas da multidão, então, seu coração se desalentaria dentro dele quando exclamavam: "Crucifique-o, crucifique-o!" Mas ele não se sentia enaltecido nem abatido pelos homens; não se confiava nas mãos de homem nenhum, pois sabia o que havia neles.

A razão mais interior dessa quietude de coração era sua comunhão ininterrupta com o Pai. Jesus morava à parte, pois convivia com Deus: o Filho do homem, que desceu do céu, continuava habitando no céu, sereno e paciente porque estava enaltecido acima das coisas terrestres, nas santas contemplações da sua mente perfeita. Porque seu coração estava com o Pai, o Pai o tornou forte para suportar tudo o que lhe viesse da parte dos homens. Quem dera que todos nós usássemos essa armadura da luz, a panóplia celestial da comunhão com o Altíssimo Eterno. Nesse caso, não teríamos mais medo das más notícias, nem das más ocorrências, pois nosso coração estaria firmado na rocha segura do amor imutável do Senhor.
Havia, talvez, outra razão pela maravilhosa compostura do nosso Senhor ao ser atacado com pedradas: seu coração se fixava tanto na sua obra que não podia ser desviado dela, por mais que os judeus incrédulos fizessem contra ele. Essa paixão dominante o levava para adiante dos perigos e sofrimentos, e o levava a desafiar com calma toda a oposição. Entrara no mundo a fim de abençoar as pessoas, e não deixaria de abençoá-las. Os judeus podiam se opor a ele por um motivo ou por outro, mas não podiam desviar a correnteza da sua alma do leito da misericórdia, ao longo do qual se precipitava como torrente. Ele precisava fazer o bem aos sofredores e aos pobres, não podia deixar de fazer isso; seu rosto volta-se com firmeza em direção à sua obra vitalícia. Para ele, praticar a vontade de quem o enviara passara a ser como sua comida e bebida; e assim, quando os judeus apanharam pedras, embora ele se afastasse um pouco, porém, posto que somente quisesse conservar sua própria vida para a prática do bem, voltou-se à sua obra vitalícia sem demora. As pedradas não podem desviá-lo das suas atividades graciosas. Assim como vemos um pássaro com ovos ou filhotes, afugentado momentaneamente do seu ninho, voltar no mesmo instante em que o intruso se afasta, assim também vemos nosso Senhor voltar à sua obra santa quase antes de ele estar fora da vista dos que queriam assassiná-lo. Ali está sentado um cego, e Jesus se põe imediatamente ao seu lado para curá-lo. Eles vão te alcançar, ó Cristo! Eles tentarão matar-te! Seguram mais pedras nas mãos cruéis. Os que te odeiam arremessam seus mísseis com ferocidade e chegarão a ti num só momento! Ele não se importa com isso! Nenhum espírito de covardia pode levá-lo a deixar passar em branco uma oportunidade para glorificar o Pai. Aquele cego precisa de atendimento e, correndo todos os riscos, Jesus pára a fim de lidar com ele com amor. Se vocês e eu ficarmos completamente ocupados no zelo por Deus, com o desejo de conquistar almas, nada nos atemorizará. Suportaremos toda e qualquer coisa, e não nos parecerá que estamos aguentando coisa alguma; escutaremos calúnias como se nem as ouvíssemos, e suportaremos as adversidades como se não existissem. Assim como a flecha, atirada por um arqueiro forte, desafia o vento ao seguir em sentido contrário e voa rapidamente até ao centro do alvo, assim também nós voaremos em direção ao grande objetivo da nossa ambição compassiva. Bem-aventurado aquele homem que Deus lançou como raio da sua mão, que precisa continuar até cumprir seu destino; bem-aventurado aquele cuja vocação é levar os pecadores aos pés do Salvador. Ó bendito Espírito, enaltece-nos para habitarmos com Deus, e nos simpatizarmos com sua compaixão paternal, de modo a não prestarmos atenção às pedradas, nem às zombarias, nem às calúnias, e nos ocuparmos totalmente no nosso serviço abnegado por amor a Jesus!

Sirva de introdução o que foi dito até agora. O Salvador, na sua condição pior e mais baixa, quando estava perto da morte, só pensa no bem das pessoas. Enquanto olhos cruéis o espionam para buscarem ensejo para matá-lo, o olhar de Jesus se fixa no pobre cego; Jesus não tem nenhuma pedra do seu coração contra os tristes, mesmo quando as pedras passam zumbindo por suas orelhas.

I. Assim, portanto, apresento para vocês a primeira divisão da presente mensagem, que é O OBREIRO. Entrego este título, bem merecido, ao Senhor Jesus Cristo. Ele é o obreiro por excelência, o obreiro principal, o exemplo para todos os obreiros. Ele entrou no mundo, segundo ele mesmo diz, para cumprir a vontade de quem o enviou, e para completar esta obra. Nessa ocasião, quando é perseguido por seus inimigos, não deixa de ser um obreiro - um operador de milagres com o cego. Existem muitos neste mundo que desconsideram a tristeza [do próximo], que evitam os que sofrem mágoas, que estão surdos diante das lamentações, e cegos diante das aflições. O modo mais fácil que conheço para lidar com essa cidade onde moramos, maligna e desgraçada, é não ficar sabendo muito a respeito dela. Dizem que metade do mundo não sabe como a outra metade vive; certamente se soubesse não viveria de modo tão descuidado, nem seria tão cruel como o é. Existem vistas nesta metrópole que derreteriam um coração de aço e tornariam generoso um Nabal. Mas fechar os olhos para não ver nada da desgraça alheia que rasteja diante dos seus pés é um modo fácil de escapar do exercício da benevolência. "Onde a ignorância é felicidade, é tolice ser sábio"; assim disse um ignorante de vida fácil em tempos antigos. Se os mendigos são importunos, os transeuntes precisam ser surdos. Se os pecadores são profanos, é muito fácil para nós tampar os ouvidos e seguir adiante, com pressa.

Se esse cego precisa ficar sentado e mendigar diante da porta do templo, os que frequentam o templo devem passar rapidamente como se fossem tão cegos como ele. As multidões passam por ele e não o levam em conta. Não é assim que agem as pessoas hoje em dia? Se você está com aflição - se está com o coração partido -, elas não passam por você, sem considerá-lo, e seguem seu caminho para seu negócio ou sua casa, embora você esteja deitado, passando fome? O rico acha conveniente manter em ignorância as feridas de Lázaro. Não é assim com Jesus. Seu olhar é rápido para perceber o mendigo cego, mesmo que não veja outra coisa. Se ele não está embevecido com as pedras maciças e a bela arquitetura do templo, não deixa de fixar seus olhos num mendigo cego diante da porta do templo. Ele é todo olhos, todo ouvidos, todo coração, todo mãos, onde estiver presente a desgraça. Meu Mestre é feito de ternura; ele derrete de amor. Ó almas sinceras que o amam, imitem a ele nisso, e sempre deixem seu coração ser tocado por um sentimento fraternal pelos sofredores e pelos pecadores. Existem outros que, embora percebam a desgraça, não a diminuem mediante a calorosa simpatia, mas a aumentam mediante as suas conclusões lógicas frias. "A pobreza", dizem eles, "ora, pois bem: ela é obviamente provocada pela embriaguez e pela preguiça e por todos os tipos de vícios." Não digo que não é assim em muitos casos; mas digo que semelhante observação ajudará um pobre a se tornar melhor ou mais feliz; semelhantes palavras severas servirão mais para exasperar os endurecidos do que assistir aos que estão enfrentando a luta. "As enfermidades", dizem alguns, "oh, sem dúvida um grande montante de doenças é provocado por hábitos iníquos, a negligência das leis sanitárias", e assim por diante. Isso, também, pode ser a triste verdade, mas range no ouvido do sofredor. Não é uma doutrina muito bondosa e agradável para ensinar nas enfermarias dos nossos hospitais! Eu recomendaria que vocês não a ensinassem até que vocês mesmos ficarem doentes, e talvez então a doutrina não lhes pareça ser tão instrutiva. Até mesmo os discípulos de Cristo, ao ver esse cego, achavam que devia existir algo de notavelmente iníquo em seu pai e em sua mãe, ou algo de especialmente maligno no próprio homem, que Deus previu, e por conta do qual o castigou com a cegueira.
Os discípulos tinham a mesma atitude dos três consoladores de Jó, os quais, ao verem o patriarca no monturo, destituído de todos os seus filhos, e tendo sido roubados todos os seus bens, e ainda se raspando porque estava coberto de úlceras, disseram: "Obviamente, deve ser hipócrita. Deve ter feito alguma coisa muito terrível, senão não estaria tão gravemente afligido." O mundo insiste em ficar com sua crença infundada de que, se a torre de Siloé cair sobre algumas pessoas, elas devem ser pecadoras mais do que qualquer outro pecador na face da Terra. É uma doutrina cruel, uma doutrina vil, apropriada para selvagens, mas que não deve ser mencionada pelos cristãos, que sabe que o Senhor disciplina a quem ele ama, e até mesmo os mais amados por Deus têm sido levados embora de repente. Vejo, porém, grande quantidade dessa noção cruel circulando, e se algumas pessoas passam reveses, ouço o comentário sussurrado: "Pois bem, elas é que provocaram isso." É assim que vocês as animam?

Observações morais baratas, embebidas de vinagre, formam um alimento muito inferior para um inválido. Semelhantes censuras são um modo imprestável para ajudar um deficiente a superar um obstáculo - pelo contrário, trata-se de levantar ainda outro obstáculo diante dele, de modo que não possa mesmo superá-lo. Ora, noto isso a respeito do meu Senhor - que está escrito a seu respeito que "a todos dá liberalmente e não o lança em rosto" (Tg 1.5 - ARC). Quando ele alimentou aqueles milhares no deserto, ele teria sido muito justo se lhes tivesse dito: "Por que vocês todos saíram para o deserto e não trouxeram consigo seus provimentos? O que vocês estão fazendo neste lugar distante, sem trazer comida? Vocês são imprudentes e merecem passar fome." Não, não, ele não disse nenhuma dessas palavras, mas alimentou a todos eles e os mandou para casa bem alimentados. Você e eu não fomos enviados ao mundo para trovejarmos mandamentos do alto do Sinai; chegamos até ao monte Sião. Não vamos viajar num circuito como se fôssemos juízes e algozes ao mesmo tempo, para lidar com todas as tristezas e desgraças deste mundo com palavras amargas de censura e de condenação.
Se fizermos isso, seremos totalmente diferentes do nosso bendito Mestre que não fala nenhuma palavra de repreensão àqueles que o buscam, mas que simplesmente alimenta os famintos e cura a todos que precisam! É fácil criticar, é fácil repreender, mas nossa tarefa deve ser mais sublime e nobre: a da bênção e da salvação.

Observo, ainda, que existem alguns outros que, mesmo não sendo indiferentes à tristeza alheia e mesmo sem defender uma teoria cruel de condenação, não deixam de fazer especulações quando isso não tem nenhum proveito. Quando nos juntamos, muitas são as questões que desejamos discutir, mas que não têm o mínimo valor prático. Há a questão da origem do mal. Esse é um assunto excelente para aqueles que gostam de argumentar ou de retalhar a lógica, semanas a fio, sem produzir lascas de lenha suficientes para acender um fogo no qual se possa aquecer as mãos frias. Um assunto como esse foi levantado diante do Salvador - culpa prevista, ou mancha hereditária - "Quem pecou: este homem ou seus pais?" Até que ponto é certo que o pecado dos pais caia sobre os filhos, conforme acontece muitas vezes? Eu poderia propor muitos temas igualmente profundos e curiosos, mas para o que servem? Entretanto, existem muitas pessoas que gostam desses temas, que tecem teias de aranha, que sopram bolhas de sabão, que propõem teorias, as desmantelam, e propõem outras.

Fico duvidando que o mundo já ficou abençoado no valor de um tostão furado por todas as teorizações de todos os eruditos que já viveram. Isso tudo não pode ser classificado como altercação vã? Preferiria criar trinta gramas de ajuda do que uma tonelada de teoria. Acho lindo ver como o Mestre desmonta a especulação refinada que os discípulos propõem. Ele diz de modo breve: "Nem ele nem seus pais pecaram", e então cospe no chão, e faz barro, e abre os olhos do cego. A obra foi esta; o debate foi mera preocupação. Certo menino disse: "Pai, as vacas estão no campo de trigo. Como teriam entrado?" Responde o pai: "Filho, não se preocupe mais com isso, vamos nos apressar para tirá-las de lá." Há bom senso nessa atitude prática. Aqui, temos essas pessoas afundadas no vício e ensopadas de pobreza. Deixe para depois as perguntas - como chegaram a essa condição? Qual é a origem da iniquidade moral? Como é transmitida dos pais para os filhos? Responda às perguntas depois do dia do juízo, quando você terá mais luz; mas agora a parte mais importante é vermos como você e eu podemos tirar o mal do mundo, e como podemos levantar os caídos e restaurar aqueles que se desviaram. Não vamos imitar o homem da fábula que viu um menino se afogando e, imediatamente, lhe passou uma preleção a respeito da imprudência de ir para a água onde não mais dá pé. Não, não, vamos tirar o menino para a margem, secá-lo e vesti-lo, e então falar a ele que não deve mais fazer isso para que coisa pior não lhe aconteça.

Digo que o Mestre não era especulador; não ia tecendo teorias; não era um mero visionário; mas se lançava na obra e curava aqueles que necessitavam de cura. Ora, nisso ele é o grande exemplo para todos nós neste ano da graça. Vejamos: o que já fizemos para abençoar o nosso próximo? Muitos entre nós somos seguidores de Cristo, e como devemos ser felizes por isso. O que já fizemos que fosse digno da nossa chamada sublime? "Senhor, ouvi uma preleção numa noite destas, a respeito dos males da intemperança." É só isso que você fez? Surgiu daquela oratória brilhante e da sua atenção cuidadosa a ela, alguma atuação na prática? "Ora, senhor, pensarei nisso, algum dia destes." Entrementes, o que acontecerá com esses intemperantes? O sangue deles não jazerá diante da porta de vocês? Outro comenta: "Ouvi, faz poucos dias, uma preleção muito dinâmica e interessante a respeito da economia política, e achava que se tratasse de uma ciência de muito peso, e que explicasse boa parte da pobreza que você menciona."

Talvez fosse assim; mas a economia política, em si mesma, é dura como bronze; não tem entranhas, nem coração, nem consciência, nem pode levar em conta semelhantes coisas. O economista político é um homem de ferro, a quem uma lágrima enferrujaria, e por isso nunca tolera o âmbito da compaixão. Sua ciência é uma rocha que afundaria uma frota de navios, sem se comover com os gritos de homens e mulheres que se afundam. É como o vento oriental do deserto que cresta tudo sobre o que sopra. Parece a alma das pessoas que chegam a dominar a arte desse vento ou, melhor, são dominados por ele. É uma ciência de fatos teimosos, que não seriam fatos se nós não fôssemos tão embrutecidos. Com a economia política ou sem ela, volto ao meu argumento principal - O que você tem feito em favor do próximo? Pensemos mesmo nisso, e se alguém entre nós tem sonhado, dia após dia, com aquilo que faríamos "se", vejamos, o que podemos fazer agora e, de modo semelhante ao Salvador, por as mãos na obra.

Entretanto, não é esse o essencial que quero alcançar. Trata-se do seguinte. Se Jesus é tão operante, e não teórico, que alguns entre nós que precisamos dos seus cuidados podemos ter hoje? Estamos decaídos? Somos pobres? Levamos a nós mesmos à tristeza e à desgraça? Não confiemos nos homens, nem em nós mesmo? Os homens nos deixarão morrer de fome e depois farão um exame póstumo do nosso corpo com a ajuda da medicina legal, para descobrir por que ousamos morrer para, assim, necessitarmos das despesas de um túmulo e de um caixão. Certamente levantarão um inquérito depois de tudo se acabar conosco; mas se chegarmos a Jesus Cristo, ele não fará o mínimo inquérito, mas nos acolherá e dará descanso à nossa alma. Aquele é um texto bendito: Deus "a todos dá liberalmente e não o lança em rosto" (Tg 1.5 ARC). Quando o filho pródigo voltou para casa para do seu pai, o pai deveria lhe ter dito, segundo o modo considerado correto, de conformidade com o que as pessoas fariam hoje em dia: "Pois bem, você voltou para casa, e estou contente em vêlo, mas olhe o seu estado! Como você chegou a esse estado? Ora, você quase não tem um farrapo limpo no corpo! Como é que você ficou tão pobre? E você está tão magro e esfomeado; como aconteceu isso? Onde você esteve? O que você andou fazendo? Com quais companhias você andou? Onde estava você na semana passada? O que estava fazendo anteontem às sete horas?"

O pai não lhe fez uma única pergunta, mas o apertou contra o peito e, instintivamente, sabia tudo a respeito. O filho voltou assim como ele era, e o pai o acolheu assim como ele era. O pai parecia dizer, com um beijo: "Meu filho, vamos esquecer o que passou. Você estava morto, mas agora voltou a viver; você estava perdido, mas agora foi achado, e não quero perguntar mais nada." É exatamente assim que Jesus Cristo está disposto a acolher os pecadores arrependidos. Temos aqui uma meretriz das ruas? Venha, pobre mulher, assim como você está, ao seu querido Senhor e Mestre, que a purificará do seu pecado grave. "Todo tipo de pecado e blasfêmia será perdoado." Há alguém aqui que transgrediu as regras da sociedade, que é apontado como pessoa que transgrediu as regras da sociedade? Mesmo assim, venha, e seja bem-vindo, ao Senhor Jesus, a respeito de quem está escrito: 'Este homem recebe pecadores e come juntamente com eles.'" O médico nunca acha desprezível circular entre os doentes; e Cristo nunca considerou vergonhoso cuidar dos culpados e dos perdidos. Pelo contrário: escrevam isso em volta do seu diadema - "O Salvador dos pecadores, até mesmo do principal deles"; ele conta isso como sua glória. Ele operará a seu favor e não o repreenderá. Ele não tratará você com uma dose de teorias e com uma hoste de repreensões amargas; pelo contrário, ele acolherá você, assim como você está, nas feridas do seu lado, e ali o esconderá da ira de Deus. Oh, que bendito evangelho tenho para pregar a vocês! Que o Espírito Santo os leve a aceitá-lo! Até aqui, falei a respeito do obreiro.

II. Agora, a segunda questão é O ÂMBITO DO TRABALHO. Todo trabalhador precisa de um local de trabalho. Todo artista deve ter um estúdio. Cristo tinha estúdio? Sim, veio para realizar obras muito maravilhosas - as obras daquele que o enviou: mas que lugar tão estranho o Senhor achou para nele fazer as suas obras! No entanto, não me consta que pudesse ter achado qualquer outro. Resolveu realizar as obras de Deus e, para isso, selecionou o lugar mais apropriado. Uma das obras de Deus é a criação. Se for para Jesus realizar essa obra entre os homens, ele precisará descobrir onde está faltando alguma coisa que possa suprir mediante um ato de criação. Aqui estão dois olhos aos quais falta o aparelho apropriado para receber a luz; aqui, portanto, há oportunidade para Jesus criar os olhos e a vista. Ele não poderia ter criado olhos na minha cabeça, nem na sua cabeça, se estivéssemos presentes, pois os olhos já estão presentes, e mais olhos seriam inapropriados para nós.

No mendigo cego do templo havia espaço para Jesus produzir o que faltava no mecanismo curioso do olho; o olho cego, portanto, era a sua oficina. Se houve globos oculares, estavam totalmente destituídos de visão, e isso desde o nascimento do homem; essa foi a ocasião para o Senhor Jesus dizer: "Haja luz!" Se os olhos daquele homem tivessem sido como os seus e os meus, não teria havido oportunidade para a operação divina de nosso Senhor; mas, posto que o homem ainda estava nas trevas que o tinham cercado desde seu nascimento, seus olhos ofereciam espaço no qual o poder do Onipotente pudesse se manifestar por uma obra tão maravilhosa que, desde o princípio do mundo, nunca houvera notícia de cura de um homem que nascera cego. O homem estava cego "para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele." Oh, mas esse é um pensamento bendito se você quiser pensar a respeito! Aplique-o a você mesmo. Se faltar alguma coisa em você, há espaço para Cristo operar em você. Se você for perfeito pela natureza, e não houver nada que falte em você, então não haverá espaço para o Salvador fazer coisa alguma por você; pois ele não vai dourar o ouro refinado, nem colocar esmalte branco no lírio. Mas se você estiver sofrendo com alguma deficiência grave, alguma falta pavorosa que faz sua alma ficar nas trevas, a sua necessidade é a oportunidade de Cristo, a necessidade que você tem de graça supre a necessidade que Cristo tem de objetos para a sua misericórdia. Aí há espaço para o Salvador vir demonstrar a sua compaixão para com você, e você pode ter certeza de que ele estará do seu lado imediatamente. Assim seja: Vem, Senhor Jesus. Ainda por cima, não era somente a deficiência da vista desse homem, mas também a sua ignorância que precisava da ajuda do Onipotente. É obra de Deus, não somente criar, mas também iluminar. O mesmo poder que chama à existência, também chama à luz, seja esta natural ou espiritual. É uma obra divina iluminar e regenerar o coração humano. Esse homem estava nas trevas tanto em mente quanto em corpo - que coisa grandiosa foi iluminá-lo nos dois sentidos! Ele não conhecia o Filho de Deus e, por isso, não acreditava nele, mas perguntou com assombro: "Quem é ele, Senhor, para que eu nele creia?" Jesus Cristo veio para operar nesse homem o conhecimento de Deus, a vida de Deus - numa palavra: a salvação -; e porque esse homem estava destituído dessas coisas, havia nele espaço para a perícia e o poder do Salvador. Amigo, é esta a sua situação? Você não está convertido?

Nesse caso, existe espaço em você para o Redentor operar mediante a graça que converte. Você não está regenerado? Nesse caso, existe espaço em você para o Espírito de Deus operar a regeneração. Todas essas deficiências espirituais que você tem - sua ignorância e suas trevas - serão transformadas pelo infinito amor em oportunidades para a graça. Se não estivesse perdido, você não poderia ser salvo. Se não estivesse culpado, não poderia ser perdoado. Se não fosse pecador, não poderia ser purificado. Mas todo o seu pecado, e sua tristeza, mediante um mistério estranho de amor, é um tipo de qualificação de você mesmo para Cristo vir salvá-lo. Alguém comenta: "Para mim, o caso assim é apresentado numa nova luz." Aceite essa nova luz e seja confortado, pois é luz do evangelho, e tem o propósito de animar os desesperançosos. Você fala: "Nada de bom existe em mim"; fica claro, portanto, que há lugar para Cristo ser tudo para você. Você percebe que não podem existir dois "tudo"; só pode existir um, e já que você não está pretendendo esse título, Jesus o ostentará. Todo o espaço que você ocupar na sua própria estima remove o mesmo tanto de espaço da glória do Senhor Jesus; se você não é nada, sobra essa casa inteira para o Salvador ocupar. Ele entrará, e encherá todo o seu vácuo interior com sua própria querida pessoa, e será glorioso aos seus olhos para sempre.
Aventuro-me a dizer nesta noite que todas as aflições podem ser consideradas desta mesma maneira: oferecem oportunidades para a obra de misericórdia de Deus. Sempre que você vê um homem envolto em tristezas e aflições, a maneira certa de considerar essa situação não é culpar a ele e querer saber como chegou a esse ponto, mas dizer: "Aqui temos uma abertura para o amor onipotente de Deus. Trata-se de uma ocasião para a demonstração da graça e bondade do Senhor." Esse homem, sendo cego, deu ao Senhor Jesus a oportunidade de praticar a boa ação de lhe restaurar a vista, e aquela obra era uma maravilha tão grande que todos que estavam ao redor se sentiram obrigados a notá-la e admirá-la. Os vizinhos começaram a perguntar a respeito, os fariseus precisaram realizar um conclave a respeito do assunto; e, embora quase dezenove séculos tenham se passando, aqui estamos nós, nesta hora, meditando a respeito. Os olhos abertos desse homem continuam iluminando os nossos olhos nesta hora. A Bíblia não teria sido completa sem essa narrativa tocante e instrutiva; se esse homem não tivesse nascido cego, e se Cristo não lhe tivesse aberto os olhos, todas as gerações teriam recebido menos luz. Devemos ficar contentes por esse homem ter ficado tão aflito, pois assim recebemos instrução graciosa. Se ele não tivesse sido destituído da visão, não teríamos visto a grande visão da cegueira de nascença sendo expulsa por aquele que é a Luz dos homens.

Assim, posso falar a todos os aflitos: não sejam rebeldes com suas aflições; não se deixem perturbar excessivamente por elas, nem se deixem desanimar totalmente por elas; mas considerem-nas como aberturas para a misericórdia, portas para a graça, entradas para o amor. O vale de Açor será para vocês uma porta de esperança. O obreiro poderoso, a respeito de quem falei, achará uma oficina na aflição de vocês, e nela formará monumentos da sua graça. Glorifiquem-se nas suas enfermidades para que o poder de Cristo repouse sobre vocês. Regozijem-se porque, à medida que as suas tribulações abundarem, assim abundarão as suas consolações por meio de Jesus Cristo. Peçam a ele que faça todas as coisas cooperar para o bem de vocês e a glória dele e assim será feito.

Será completo o meu pensamento a respeito da oficina depois que eu falar que acredito que o próprio pecado tem um aspecto semelhante ao da aflição, porque dá lugar à misericórdia de Deus. Dificilmente posso dizer aquilo que Agostinho disse - ao falar do pecado e da queda de Adão, e considerando todo o esplendor da graça que se seguiu depois, ele disse: "Beata culpa" - culpa bendita - como se pensasse que o pecado fornecera tamanhas oportunidades para o desvendar da graça de Deus, e demonstrara de tal maneira o caráter de Cristo, que até mesmo ousou chamá-la de culpa bendita. Não me aventurarei a usar semelhante expressão, e não ouso fazer mais do que repetir aquilo que aquele grande mestre em Israel disse em tempos passados; mas digo mesmo que não posso imaginar uma ocasião para glorificar a Deus comparável ao fato de o homem ter pecado, posto que Deus entregou Cristo para morrer em prol dos pecadores. Como aquele dom inefável poderia ter sido outorgado se não tivesse havido pecadores? A cruz é uma constelação da glória divina mais brilhante do que a própria criação.

"É, pois, na graça que os homens salvou,
Que sua forma mais nobre da glória brilhou;
Está escrita mais bonita aqui na cruz da salvação
Em sangue precioso e em linhas de carmesim que traz redenção."

Como poderíamos ter conhecido o coração de Deus? Como poderíamos ter entendido a misericórdia de Deus? Não fosse o nosso pecado e desgraça, como poderiam ter sido demonstrados semelhante clemência e amor? Venham, pois, ó culpados, animem-se, busquem a graça. Assim como o médico precisa dos enfermos a fim de que possa exercer sua capacidade para curar, assim também o Senhor da misericórdia precisa de vocês para ele demonstrar a graça que pode conceder. Se eu fosse um médico, e desejasse uma clínica, não procuraria saber a respeito da região mais saudável, mas uma localização onde os enfermos encheriam o meu consultório. Se tudo quanto eu buscasse fosse praticar o bem ao meu próximo, eu desejaria estar no Egito ou em algum outro país acometido pelo cólera ou pela peste, onde pudesse salvar vidas humanas.

O Senhor Jesus Cristo, olhando para a multidão nesta noite, procura, não aqueles que são bons (ou que assim se consideram), mas os culpados, que reconhecem ser essa a sua situação e a lastimam. Se houver aqui um pecador, leproso e contaminado; se houver aqui uma alma, doente da cabeça aos pés, sofrendo a enfermidade incurável do pecado, o Senhor Cristo, o obreiro poderoso, olha para ela, porque nela descobre um laboratório dentro do qual possa realizar as obras daquele que o enviou.

III. Tenham paciência comigo agora, enquanto passo, em terceiro lugar, a notar de forma breve O SINO DO TRABALHO. Vocês escutam, bem cedo, um sino que acorda os trabalhadores em suas camas. Vejam como se deslocam juntos pelas ruas, como abelhas apressando-se na ida e na volta para a colméia. Você os vê saindo para o trabalho, pois o sino está soando. Havia um sino do trabalho para Cristo, também, e ele o ouvia. Então ele disse: "Preciso trabalhar; preciso trabalhar, preciso trabalhar." O que o levou a fazer isso? Ora, a visão daquele cego. Tão logo o viu, disse: "Preciso trabalhar." O homem não pedira nada, nem emitira um som; mas aqueles globos oculares sem som falavam com eloquência ao coração do Senhor Jesus, e entoavam bem alto a chamada que Jesus escutou e à qual obedeceu, pois ele mesmo disse: "Preciso trabalhar."

E por que precisava trabalhar? Porque viera do céu distante com o propósito de assim fazer. Viera da parte do trono do seu Pai a fim de ser um homem com o propósito de abençoar os homens, e não permitiria que sua longa descida fosse infrutífera. Precisava trabalhar; por qual outra razão estava aqui, onde havia trabalho para ser realizado?

Além disso, havia impulsos em seu coração, que não precisamos parar para explicar agora, e que o forçavam a trabalhar. Sua mente, sua alma, seu coração, estavam ch

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A suficiência das escrituras
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Por: Vicent Cheung

Muitos cristãos alegam afirmar a suficiência da Escritura, mas seu real pensamento e prática negam-na. A doutrina afirma que a Bíblia contém informação suficiente para alguém, não somente para encontrar a salvação em Cristo, mas para, subseqüentemente, receber instrução e direção em todo aspecto da vida e pensamento, seja por declarações explícitas da Escritura, ou por inferências dela necessariamente retiradas.

A Bíblia contém tudo que é necessário para construir uma cosmovisão cristã compreensiva que nos capacite a ter uma verdadeira visão da realidade. 15 A Escritura nos transmite, não somente a vontade de Deus em assuntos gerais da fé e conduta cristãs, mas, ao aplicar preceitos bíblicos, podemos também conhecer sua vontade em nossas decisões específicas e pessoais. Tudo que precisamos saber como cristãos é encontrado na Bíblia, seja no âmbito familiar, do trabalho ou da igreja.

Paulo escreve que a Escritura não é somente divina na origem, mas é também abrangente no escopo:

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça. Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Timóteo 3.16-17).

A implicação necessária é que os meios de instrução extra-bíblicos, tais como visões e profecias, são desnecessários, embora Deus possa ainda fornecê-los, quando for de seu agrado.

Os problemas ocorrem quando os cristãos sustentam uma posição que equivale a negar a suficiência da Escritura em fornecer abrangente instrução e direção. Alguns se queixam que na Bíblia falta informação específica que alguém precisa para tomar decisões pessoais; entretanto, à luz das palavras de Paulo, deve-se entender que a falta reside nesses indivíduos, e não no fato de que a Bíblia seja insuficiente.

Aqueles que negam a suficiência da Escritura carecem da informação de que necessitam, por causa da sua imaturidade espiritual e negligência. A Bíblia é deveras suficiente para dirigi-los, mas negligenciam o estudo dela. Alguns também exibem forte rebelião e impiedade. Embora a Bíblia se dirija às suas situações, recusam-se a submeter aos seus mandamentos e instruções. Ou, eles rejeitam aceitar o próprio método de receber direção da Escritura juntamente, e exigem que Deus os dirija através de visões, sonhos e profecias, quando ele lhes deu tudo de que necessitam, através da Bíblia.

Quando Deus não atende às suas demandas ilegítimas por direção extra-bíblica, alguns decidem até mesmo procurá-la através de métodos proibidos, tais como astrologia, adivinhação e outras práticas ocultas. A rebelião deles é tal que, se Deus não fornecer a informação desejada nos moldes prescritos por eles, ficam determinados a obtê-la do diabo.

O conhecimento da vontade de Deus não vem de orientação extra-bíblica, mas de uma compreensão intelectual e de uma aplicação da Escritura. 16 O apóstolo Paulo escreve:

“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).

A teologia cristã deve afirmar, sem reservas, a suficiência da Escritura como uma fonte completa de informação, instrução e direção. A Bíblia contém toda a vontade divina, incluindo a informação de que alguém precisa para salvação, desenvolvimento espiritual e direção pessoal. Ela contém informação suficiente, de forma que, se alguém a obedece completamente, estará cumprindo a vontade de Deus em cada detalhe da vida. Mas, ele comete pecado à extensão em que falha em obedecer à Escritura. Embora nossa obediência nunca alcance perfeição nesta vida, todavia, não há nenhuma informação que precisemos para viver uma vida cristã perfeita, que já não esteja na Bíblia.

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Fonte: Teologia Sistemática
Via: [
Eleitos de Deus ]

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Nas Mãos de um Deus Irado - C. H. Spurgeon

Porque, se em lenho verde fazem isto,
que será no lenho seco? (Lucas 23.31).

Dentre outras interpretações desta sugestiva pergunta, a seguinte é repleta de ensinamento: "Se Cristo, o inocente substituto dos pecadores, sofreu, o que será quando o próprio pecador — o lenho seco — cair nas mãos do Deus irado?" Ao ver a Jesus no lugar dos pecadores, Deus não O poupou. Quando Deus encontrar os não-regenerados, também não os poupará.

O pecador, Jesus foi levado à cruz pelos inimigos dEle; da mesma forma, você será levado ao lugar que lhe está designado. Jesus foi abandonado por Deus. E, se Deus abandonou a Jesus, por vê-Lo como pecador apenas por causa da imputação, quanto mais abandonado será você! "Eloí, Eloí, lama sabactâni?" (Marcos 15.34) —

que grito terrível! Mas, qual será o seu clamor, quando você disser: "Ó Deus, ó Deus, por que me abandonaste"? A resposta virá: "Rejeitastes todo o meu conselho e não quisestes a minha repreensão; também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o vosso terror, eu zombarei" (Provérbios 1.25-26). Se Deus não poupou o seu próprio Filho (ver Romanos 8.32), quanto menos Ele poupará a você! Quantas chicotadas de açoite ardente você não sofrerá quando sua consciência o golpear com todos os seus terrores?

Pecadores cheios de justiça própria, quem ficará no lugar de vocês quando Deus afirmar: "O espada, desperta, levanta-te contra o homem que Me rejeitou. Fere-o e deixa-o sentir dores para sempre"? Em Jesus cuspiram. Ó pecador, quão imensa será a sua vergonha! Não podemos resumir em poucas palavras todos os sofrimentos que sobrevieram ao Senhor Jesus, que morreu por nós. Portanto, é impossível descrevermos o oceano de pesares que sobrevirá ao seu espírito, se você morrer na situação em que se encontra agora. Certo é que você morrerá, então, pode ser agora.

Por meio das agonias do Senhor Jesus, por meio das suas feridas e do seu sangue, impeça que recaia sobre você a ira de Deus que está por vir! Creia no Filho de Deus, e você jamais perecerá.

Os embalos do culto de sábado à noite
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Vejam os videos a seguir....
Sou pentecostal (antes que tacam pedras), mais isso para mim não passa de meninice, distúrbios emocionais e psicológicos!!!




Porém, a Palavra fala que o espírito do profeta está sujeito ao profeta. De modo que Deus não traz nenhum mover que seja irracional. Pelo contrário, a Palavra fala que o verdadeiro culto a Deus passa por nossa razão (Romanos 12:1), porque em nossa razão e em nossa vontade é onde o Espírito Santo age e atua.

Quem gosta de fazer coisas irracionais é o diabo, que quer fazer com que homens e mulheres ajam como animais. Deus, porém, quer sempre fazer com que o homem se pareça com o Homem Perfeito que é Jesus, sempre guiado e controlado nas mínimas coisas pelo Espírito Santo.

O irracional e incontrolável não pode ser guiado, não sente as nuances da pomba que é o Espírito; o irracional não é sensível nem acessível por Deus e pelos irmãos; se torna voltado para si mesmo e não edifica ninguém e, dificilmente gera uma experiências perene com o Senhor.

As manifestações e atos proféticos têm de estar acompanhados e respaldados pelos outros ministérios instituídos por Deus na Igreja
(Ef 4:11)

Postou Wagner Lemos, que por criticar coisas absurdas e fora do comum como essas é considerado por muitos herege!
Fonte: [ Web Evangelista ]
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Edificando em Falso Fundamento - João Calvino

Porque ninguém pode lançar outro fundamento (1Co 3. 11,12). Esta sentença consiste de duas partes, a saber:

(1) que Cristo é o único fundamento da Igreja; e

(2) que os coríntios haviam sido apropriadamente fundados sobre Cristo através da pregação de Paulo.

Por isso, era necessário que fossem reconduzidos somente a Cristo, pois seus ouvidos se cocavam freneticamente por novidades. Era uma questão de grande importância que Paulo fosse conhecido como o principal e (se assim posso afirmar) fundamental arquiteto, de cujo ensino os coríntios não poderiam afastar-se, sob a pena de renunciar ao próprio Cristo. Resumindo: a Igreja deve estar total e definitivamente fundada exclusivamente sobre Cristo; e Paulo desempenhava seu papel, a este respeito, entre os coríntios tão fielmente que seu ministério não deixava nada a desejar.

Segue-se que, quem quer que viesse após ele não poderia servir ao Senhor conscienciosamente, ou ser ouvido como ministro de Cristo de algum outro modo além de esforçar-se em tornar o seu ensino como o dele, e manter o fundamento que ele lançara.

Daqui podemos chegar a certa conclusão sobre aqueles que, quando seguem os genuínos ministros, não se preocupam em adaptar-se ao seu doutrinamento e seguir de perto um bom princípio a fim de fazer perfeitamente claro que não se ocupavam com novidades. Podemos concluir, pois, que eles [coríntios] não estavam trabalhando fielmente para edificar a Igreja, senão que eram seus demolidores. Pois o que é mais destrutivo do que confundir os crentes bem fundamentados na sã doutrina com um novo gênero de doutrinamento, de modo que não sabem com certeza onde estão ou para onde vão? Por outro lado, a doutrina fundamental, que não pode ser subvertida, é aquela que aprendemos de Cristo. Porquanto Cristo é o único fundamento da Igreja. Mas são muitos os que usam o nome de Cristo como cegos, e reviram de ponta cabeça a verdade universal de Deus.

Portanto, observemos como a Igreja é adequadamente edificada sobre Cristo, a saber, se exclusivamente ele é posto como justiça, redenção, santificação, sabedoria, satisfação, purificação, em síntese, como vida e glória; ou, se se preferir de forma mais breve, se ele é pregado de tal forma que seu ofício e virtude são entendidos da forma como são apresentados no final do primeiro capítulo. Ora, se Cristo não é adequadamente conhecido e lhe é simplesmente atribuído o nome de Redentor, enquanto que, ao mesmo tempo, a justiça, a santificação e a salvação são buscadas em outras fontes, ele é lançado para fora do fundamento e pedras falsas são postas em seu lugar. Temos um exemplo disto no procedimento dos papistas, ou seja, ao despirem Cristo de quase todos os seus ornamentos, e não lhe deixam quase nada senão um simples nome. Tais pessoas, pois, não estão de forma alguma sendo fundamentadas em Cristo. Ora, visto que Cristo é o fundamento da Igreja em razão de ser ele a única fonte de salvação e vida eterna, em razão de que é nele que conhecemos Deus o Pai e em razão de se achar nele a fonte de todas as nossas bênçãos - então, se não é reconhecido como tal, ele, imediatamente, cessa de ser o fundamento.

Pode-se, porém, perguntar se Cristo é somente uma parte, ou é ele o originador da doutrina da salvação, porquanto o fundamento é apenas uma parte do edifício. Porque, se tal é o caso, os crentes fariam de Cristo só o ponto de partida, sendo levados à complementação sem qualquer conexão com ele, e de fato Paulo parece sugerir isto. Minha resposta é que este não é o significado do que ele diz, de outra sorte ele estaria se contradizendo ao dizer em Colossenses 2,3 que "todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos nele". Portanto, a pessoa que tem "aprendido Cristo" (Ef 4.20) já se acha plenificada de todo o ensino celestial. Porém, visto que o ministério de Paulo se preocupava mais em estabelecer os coríntios do que em erguer em seu meio a parte mais alta do corpo do edifício, ele apenas mostra aqui o que já fizera, a saber, que ele pregara Cristo, pura e simplesmente. Por esta razão, pensando no que fizera, Paulo chama Cristo de o fundamento, mas não significa que ele exclui Cristo do resto do edifício. Em outras palavras, ele não põe algum outro tipo de ensino em contraste com o conhecimento de Cristo; ele está, antes, realçando a relação existente entre ele [Cristo] e os outros ministros.

Mas se alguém edifica sobre este fundamento. Ele persiste no uso da metáfora. Não era suficiente - que o fundamento houvesse sido assentado, se toda a superestrutura não lhe correspondesse. Pois, visto que seria absurdo construir com material inferior sobre um fundamento de ouro, então é algo perverso sepultar Cristo sob outras doutrinas sobrepostas por homens. Portanto, Paulo quer dizer por "ouro, prata e jóias", o ensino que não só se harmoniza com Cristo, mas é também uma superestrutura em harmonia com esse fundamento. Além do mais, não imaginemos que esta doutrina é extraída de outras fontes e não de Cristo, senão que devemos, antes, entender que temos de continuar a ensinar Cristo, até que o edifício esteja completo. Contudo, temos de prestar atenção na ordem de fazer as coisas, de modo que pode-se iniciar com a doutrina geral e o mais essencial dos principais pontos, como o fundamento. Em seguida vem reprovação, exortações e tudo quanto é necessário para a perseverança, o encorajamento e o progresso.

Visto que há pleno acordo sobre o que Paulo quis dizer até aqui, segue-se, por outro lado, que o ensino que é descrito aqui como "madeira, restolho e feno" não se adequa ao fundamento; o ensino, isto é, o que é engendrado pela mente humana e nos é empurrado como se fosse [os próprios] oráculos de Deus. Pois Deus quer que sua Igreja seja edificada com base na genuína pregação de sua Palavra, não com base em ficções humanas; e isto é o que se pode descrever como tudo o que não faz nada na maneira de construir. Nesta categoria estão questões especulativas que geralmente fornecem mais para ostentação - ou algum louco desejo - do que para a salvação de homens.

Paulo faz notório que no fim a qualidade da obra de cada um se fará manifesta; mesmo que ela seja ocultada pelo tempo presente. É como se dissesse: "Pode ser que os maus obreiros vivam enganando, de modo que o mundo não consiga de forma alguma provar quão fielmente ou quão honestamente cada um tenha feito seu trabalho. Mas o que agora se acha, por assim dizer, submerso em trevas, deverá ser destruído diante da face de Deus, e será considerado como algo indigno.
O Poder do Prazer Cristão - John Piper

Uma objeção comum ao prazer cristão é que ele coloca os interesses humanos acima da glória de Deus — minha felicidade antes da honra de Deus. O prazer cristão, porém, definitivamente não faz isso.

Na verdade, nós que buscamos o prazer cristão esforçamo-nos em procurar nossos interesses e nossa felicidade com toda a nossa força. Endossamos a resolução do jovem Jonathan Edwards: "Resolvi: esforçar-me para conseguir para mim mesmo o máximo possível de felicidade no outro mundo, com todo o poder, força, vigor, veemência e até violência de que seja capaz ou consiga reunir e qualquer maneira em que consiga pensar".

Descobrimos com a Bíblia (e com Edwards!) que o interesse de Deus é magnificar a plenitude da sua glória, fazendo-a transbordar em misericórdia sobre nós. Por isso a busca dos nossos interesses e da nossa felicidade jamais está acima da de Deus, mas sempre dentro da de Deus. A verdade mais preciosa da Bíblia é que o maior interesse de Deus é glorificar a riqueza da sua graça fazendo pecadores felizes nele —NELE!

Quando nos humilhamos como criancinhas e não assumimos ares de auto-suficiência, mas corremos alegremente para a alegria do abraço do nosso Pai, a glória da sua graça é magnificada e o anseio da nossa alma é satisfeito. Nosso interesse e a sua glória são a mesma coisa. Por essa razão, cristãos que buscam o prazer não estão pondo a sua felicidade acima da glória de Deus quando buscam sua felicidade nele.

Por que o cristão que busca o prazer está de joelhos

Uma das evidências de que a busca da nossa alegria e a busca da glória de Deus devem ser a mesma coisa é o ensino de Jesus sobre oração no Evangelho de João. As duas declarações-chave estão em João 14.13 e 16.24.

Uma mostra que a oração é a busca da glória de Deus. A outra mostra que a oração é a busca da nossa alegria.

Em João 14.13, Jesus diz: "Tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, afim de que o Pai seja glorificado no Filho". E em João 16.24 ele diz: "Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa". A união desses dois objetivos — a glória de Deus e a alegria dos seus filhos — é claramente preservada no ato da oração. Por isso, o cristão que busca o prazer será, acima de tudo, uma pessoa consagrada à oração séria. Assim como o cervo sedento se ajoelha para beber no riacho, a postura característica do cristão que busca o prazer é de joelhos.

Olhemos mais de perto a oração como busca da glória de Deus e como busca da nossa alegria, nessa ordem.

A oração como busca da glória de Deus

Ouça mais uma vez as palavras de Jesus em João 14.13: "Tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, afim de que o Pai seja glorificado no Filho". Imagine que você está totalmente paralisado e não pode fazer nada por si mesmo, a não ser falar. E imagine que um amigo forte e confiável prometeu morar com você e fazer tudo o que você precisa fazer. Como você pode glorificar seu amigo se um estranho vem ver você? Você tentaria glorificar sua generosidade e força tentando sair da cama a carregando-o?

Não! Você diria: "Meu amigo, por favor venha levantar-me, ponha um travesseiro nas minhas costas para que eu possa olhar para o meu visitante. E, por favor, ponha os óculos em mim". Desse modo, seu visitante concluiria a partir de seus pedidos que você está impossibilitado e que seu amigo é forte e gentil. Você glorifica seu amigo precisando dele, pedindo-lhe que o ajude e dependendo dele.

Em João 15.5, Jesus diz: "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer". Portanto, somos realmente paralíticos. Sem Cristo não somos capazes de nada bom. Como Paulo diz em Romanos 7.18: "Em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum".

Mas, de acordo com João 15.5, Deus quer que façamos algo bom — dar fruto. Assim, como nosso amigo forte e confiável — "Tenho-vos chamado amigos" (Jo 15.15) — ele promete fazer por nós o que não podemos fazer pessoalmente.

Como, então, podemos glorificá-lo? Jesus dá a resposta em João 15.7: "Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito". Nós oramos! Pedimos a Deus que faça por nós por intermédio de Cristo o que não podemos fazer por nós mesmos — dar fruto. O versículo 8 apresenta o resultado: "Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto". E como Deus é glorificado pela oração? A oração é a admissão pública de que sem Cristo não podemos fazer nada. Orar é desviar-se de si mesmo para Deus, na confiança de que ele providenciará a ajuda de que precisamos. A oração nos humilha, como necessitados, e exalta Deus, como rico.
Artistas cristãos em um mundo secular
Bob Kauflin discute o papel dos músicos e artistas cristãos que têm o chamado para servir fora das igrejas. Related posts:
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  2. Contra a música
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O que é um entendimento "Reformado" do Evangelho?
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Por John Piper. © Desiring God. Website:desiringGod.org
Original:
What is a "reformed" understanding of the gospel?
Tradução e Legenda:
voltemosaoevangelho.com
Via: [ VEMVERTV ]

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A necessidade de se levar Deus a sério
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Os tempos são terríveis. O apóstolo Paulo já disse que nos últimos dias, isso sucederia de maneira quase irreversível (2TM 3.1ss). É lamentável ver o que está acontecendo também no meio "cristão". As coisas não tem sido levado a sério e ao que parece, nem Deus tem sido levado a sério.

Os escândalos estão sendo tratados de modo muito banal, e nada é feito para erradicar o mau que se aloja a cada dia em nosso meio.

Igreja virou sinônimo de lucro, por parte de muitos lideres religiosos. O culto, entretenimento para os ávidos por diversão e novos frenesis. A Bíblia, apenas mais um livro para muitos, que não acreditam mais em sua infalibilidade. O Espírito Santo, apenas uma força motora que precisa se invocando na hora de pedir um “avivamento”. Deus, um servo que deve estar pronto para atender os seus “senhores” cheios de caprichos e vaidades. E, o, cabeça da igreja, Cristo? Está esquecido, posto de lado, tratado como algo secundário, que às vezes entra em voga no momento do ofertório.

Mas o que tem acontecido? De fato, apresentaram um outro evangelho para a nossa geração, que o tem abraçado sem discernimento, crítica ou crivo nem de consciência. A ordem é: “O importante é ser feliz”. E, nessa filosofia de vida, que os homens enquadram o Evangelho nos “novos evangelhos”, que descarta Igreja, culto a Deus, Deus, Bíblia, Espírito Santo e o Senhor Jesus Cristo.

Voltemos a simplicidade do Evangelho, a vida em comunidade, exortando, orientando, curando uns aos outros, em amor, ministrando e sendo ministrados, dando proeminência ao Espírito Santo que é o Único que pode nos convencer do pecado, da justiça e do juízo.

Que tal, se a nossa geração levasse Deus mais a sério?

Paz seja convosco!

André Santos
Fonte: [ Blog do autor ]

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07 razões porque devo rejeitar o ensino das sementes de Mike Murdock e Silas Malafaia.
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Por Renato Vargens

Há algumas semanas os senhores Silas Malafaia e Mike Murdock ensinaram em um programa de televisão a doutrina das sementes.

Segundo o teólogo da prosperidade Mike Murdock, "dinheiro atrai dinheiro", isto é, quando o crente OFERTA a Deus, (independente da motivação) automaticamente atrai o favor do Senhor lhe trazendo mais dinheiro. Murdock também costuma ensinar que devemos plantar dinheiro para colher mais dinheiro, como se fosse uma lei de semeadura financeira, que ele chama de "lei da semente". Ele também prega a existência de aproximadamente seis níveis de semeadura. Segundo ele um destes níveis é a semente de mil”. Murdock dá uma significado a certas quantias da semente: “tem havido cinco níveis de colheitas incomuns em minha vida $58, $100, $200, $1000 e $8500. Uma semente de mil dólares quebrou a pobreza em minha vida. Ninguém pode semear estes mil dólares para você." Em outras palavras isso significa “eu quebrei a pobreza com uma semente de mil dólares” façar o mesmo, envie sua oferta que a pobreza será quebrada.

Caro leitor, vamos combinar uma coisa? Deus não é um tipo de bolsa de valores que quanto mais "investimos" mais dinheiro recebemos. Deus não se submete as nossas barganhas nem tampouco àqueles que pensam que podem manipular o sagrado estabelecendo regras de sucesso pessoal.

Diante do ensino exposto gostaria de trazer sete razões porque não devemos aceitar a doutrina das sementes de Mike Murdock e Silas Malafaia:

1º - A prosperidade financeira pode ser uma benção na vida de um cristão, mas que isso não é uma regra. Deus não tem nenhum compromisso de enriquecer os seus filhos. (Fp 4.10-12)
2º - A prosperidade financeira do cristão se dá mediante o trabalho e não através de barganhas religiosas.
3º - Do ponto de vista bíblico as bênçãos de Deus jamais poderão ser compradas. Tudo que temos e possuimos vem pela graça de Deus.
4º - Para nós protestantes as Escrituras Sagradas prevalecem sobre quaisquer visões, sonhos ou revelações que possam surgir ou aparecer. (Mc 13.31)
5º - Para nós protestantes todas as doutrinas, concepções ideológicas, idéias, projetos ou ministérios devem passar pelo crivo da Palavra de Deus, levando-se em conta sua total revelação em Cristo e no Novo Testamento. (Hb 1.1-2)
6º - Para nós protestantes a Bíblia é a Palavra de Deus e que contém TODA a revelação que Deus julgou necessária para todos os povos, em todos os tempos, não necessitando de revelações posteriores, sejam essas revelações trazidas por anjos, profetas ou quaisquer outras pessoas. (2 Tm 3.16)
7º - O cristão é peregrino nesta terra e, portanto, não tem por ambição conquistar as riquezas desta terra. “A pátria do cristão está nos céus, de onde aguardamos a vinda do nosso salvador, Jesus Cristo”. (1 Pe 2.11)

Pense nisso!

Renato Vargens
Fonte: [ Blog do autor ]

A sabedoria de ouvir
Burk Parsons faz uma ligação direta entre sabedoria e a capacidade de ouvir e entender conselhos daqueles que são mais sábios e mais experientes que nós. Related posts:
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http://bit.ly/coiYbX

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Calvário
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Temo muito a ignorância que prevalece entre as pessoas sobre o tema do sofrimento de Jesus Cristo. Eu suspeito que muitos não vêem a glória e a beleza peculiar da história da crucificação; pelo contrário, eles acham dolorosa, humilhante e degradante. Eles não vêem muito lucro na história da morte de Cristo e os seus sofrimentos.

Agora, eu acredito que essas pessoas estão erradas. Não posso concordar com elas. Eu acredito que é uma coisa excelente para todos nós a realidade da crucificação de Cristo. É uma coisa maravilhosa, para ser freqüentemente lembrada, como Jesus foi entregue nas mãos de homens ímpios, como eles o condenaram em um julgamento injusto, como cuspiram nele, como açoitaram e o coroaram de espinhos. Como o levaram adiante como um cordeiro para o abate, sem a Sua murmuração ou resistência, os cravos em Suas mãos e pés, Ele sobre o Calvário entre dois ladrões, como lhe foi furodo o lado com uma lança, esmurravam no Seu sofrimento e o deixando cair lá nu e sangrando até a morte. De todas essas coisas, eu digo, é bom ser lembrado. Não é à toa que a crucificação é descrita quatro vezes no Novo Testamento. Há muito poucas coisas que todos os quatro escritores do Evangelho descrevem. Em geral, se Mateus, Marcos e Lucas dizem uma coisa na história do nosso Senhor, João não escreve, mas há uma coisa que todos os quatro enfatiza mais plenamente, a história da cruz. Este é um fato revelador, e não pode ser ignorado.

As pessoas parecem esquecer que todos os sofrimentos de Cristo no Calvário foiram pré-ordenados. Eles não vêem que tudo não foi por acaso ou acidente; tudo foi planejado e determinado desde toda a eternidade. A cruz foi prevista, em todas as disposições da Trindade, para a salvação dos pecadores. Nos propósitos de Deus a cruz foi criada desde a eternidade. Não há um pulsar de dor que Jesus sentiu, nem uma gota de sangue preciosa que Jesus derramou que não tenha sido apontado há muito tempo na eternidade. A sabedoria infinita planejou a redenção pela cruz, a infinita sabedoria trouxe Jesus para a cruz no tempo devido. Ele foi crucificado pelo determinado conselho e presciência de Deus.

As pessoas parecem esquecer que todos os sofrimentos de Cristo no Calvário foram necessários para a salvação do homem. Ele teve de suportar os nossos pecados; somente com suas pisaduras poderíamos ser curados. Este foi o pagamento das nossas dívidas que Deus iria aceitar, este foi o grande sacrifício de que nossa vida eterna dependia. Se Cristo não tivesse ido para a cruz e sofrido em nosso lugar, o justo pelos injustos, não teria esperança para nós, não haveria a ponte no abismo entre nós e o poderoso Deus, que nenhum homem jamais poderia passar. A cruz foi necessária, a fim de que se possa haver uma expiação do pecado.

As pessoas parecem esquecer que todos os sofrimentos de Cristo foram suportados de uma maneira voluntária e por sua própria vontade. Ele não estava sob coação: por sua escolha, deu a sua vida; por sua escolha Ele foi ao Calvário, para terminar a obra que Ele veio fazer. Ele poderia facilmente ter chamado legiões de anjos com uma palavra, e Pilatos e Herodes dispersos, e todos os seus exércitos, como a palha diante do vento; mas ele estava disposto, e em seu coração foi definida a salvação dos pecadores. Ele estava decidido a nos salvar de todo pecado e impureza, derramando Seu próprio sangue no calvário.

Leitor, quando eu penso em tudo isto, não vejo nada doloroso ou desagradável no assunto da crucificação de Cristo; pelo contrário, vejo nele a sabedoria e poder, paz e esperança, alegria, conforto e consolação.

J. C. Ryle
Fonte: [ Orthodoxia ]

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A simplicidade do Evangelho
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A proposta de Jesus era resgatar o real sentido das ordenanças divinas.

Um único trecho da Bíblia, o capítulo 12 do evangelho segundo Mateus, traz pequenos relatos em que é exposta a simplicidade de Jesus desmascarando a arrogância dos mestres da lei e dos fariseus de seu tempo. As autoridades religiosas do contexto histórico em que o Filho de Deus viveu neste mundo censuravam-no constantemente. Incomodados porque seus seguidores colhiam e comiam espigas no dia considerado sagrado, os fariseus reclamaram: “Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito no sábado” (Mateus 12.2). A estes, Jesus responde dizendo que a misericórdia era mais importante do que o sacrifício.

Mais adiante, os doutores continuaram procurando ocasião para acusá-lo como infrator da lei. Diante da cura de um enfermo em plena sinagoga, saíram-se com esta: “É lícito curar no sábado?” (vs. 10). Quando Jesus libertou um opresso das amarras dos demônios que o atormentavam, os escribas e fariseus blasfemaram: “Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios” (vs. 24). Por último, pediram ao Mestre que fizesse algum sinal (vs. 38). De forma indireta, Cristo responde que o principal sinal seria a sua própria ressurreição – mas advertiu que, mesmo assim, eles continuariam incrédulos.

Jesus foi muito perseguido pelos clérigos porque a sua mensagem os expunha. Os líderes judeus sobrecarregam o povo com obrigações inócuas, criando um sistema religioso que mantivesse seu poder e seus privilégios. O detalhe é que o Salvador não tinha dificuldades com a lei mosaica, pois foi o próprio Deus que a deu. O incômodo de Jesus era com os apetrechos e pesos que as autoridades religiosas vinham colocando sobre essa lei. Sua proposta era resgatar o real sentido das ordenanças divinas – e ele a expressou com uma proclamação antológica: “Vinde a mim vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. A religiosidade sobrecarrega, enquanto que a mensagem de Jesus alivia.

Dois mil anos se passaram, e quando analisamos o cristianismo que temos vivido, percebemos que também nós, à semelhança daqueles fariseus e doutores da lei, temos posto tantos apetrechos no Evangelho que a prática de nossa fé se torna pesada e confusa. A Igreja Evangélica de hoje vive às voltas com práticas doutrinárias e litúrgicas heterodoxas, colocando sobre os crentes um fardo de regras e obrigações difíceis de suportar. As organizações eclesiásticas do século 21 parecem envolvidas numa série de práticas que não a aproximam da verdadeira essência do Evangelho proposto pelo Salvador.

É necessário pensar no que de fato é a experiência do Reino de Deus e no que é simples ornamento. Podem ser ornamentos belos, úteis, justificáveis, funcionais e bem intencionados; práticas inteligentes, sofisticadas e com alto poder de alcance – no entanto, não é isso a essência da vida cristã. As estruturas eclesiásticas não são a Igreja. As coisas que construímos para facilitar a divulgação da fé não podem ser confundidas com o próprio Evangelho. Pastores vivem tentados a impressionar os ouvintes com o poder das suas palavras. Quando nos damos conta de que o teor estético das mensagens sobrepuja a espiritualidade, já estamos viciados em técnicas de oratória. É um efeito perverso, que se volta contra o próprio pregador. E o pior é que nem sempre a palavra profética cabe nos invólucros eclesiásticos.

Há a construção de uma dicotomia artificial nas nossas igrejas. Pensam alguns que espiritual é tudo que é apresentado numa roupagem exótica e excêntrica. Sob esta perspectiva, o que genuinamente vem de Deus é aquilo que é desconhecido e diferente. Em decorrência desse pensamento, práticas espirituais rotineiras como estudo da Bíblia, oração sistemática, serviço cristão e comunhão são vistos como traços da tradição que não provocam calor nem rubor. O templo, as organizações eclesiásticas, a liturgia, os programas e as atividades não são em si o Evangelho. É possível viver o Evangelho sem se envolver com essas estruturas eclesiásticas, assim como é possível estar totalmente envolvido com elas e não conhecer a Cristo.

Sofremos da epidemia que reduz Deus a coisas temporais da igreja ou na igreja. Acontece que quem vive para fazer um mecanismo funcionar com a força do próprio braço tende inexoravelmente à exaustão. Esgota-se quem carrega os apetrechos da fé. Talvez a confissão de pecado que tenhamos que fazer como Igreja cristã acentuadamente dogmática e institucionalizada seja por ter tirado Deus do centro e posto em seu lugar as coisas referentes a ele. O Espírito Santo pode agir dentro das estruturas que criamos, mas age também a despeito delas. Por isso, não é aconselhável que se baseie a vida em nome de um brasão eclesiástico ou denominacional, mas é coerente que aqueles que têm crido entreguem-se por completo ao Senhor, a fim de que o Evangelho floresça.

Autor: Valdemar Figueiredo Filho
Fonte: [ Cristianismo Hoje ]

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