O Poder de um Pai Disciplinado - John Piper

Memórias do pai de John G Paton

John Paton foi um missionário escocês que ministrou nas Novas Hébridas, ilhas atualmente chamadas de Vanuatu, localizadas a 1.600km ao norte da Nova Zelândia e 640Km a oeste de Fiji. Em 5 de novembro de 1858, Paton chegou à ilha de Tanna. Estava com trinta e quatro anos de idade e levava consigo a esposa, Mary Ann. Um filho lhes nasceu em 12 de fevereiro de 1859. "Nosso exílio na ilha se encheu de alegria", escreveu Paton em sua autobiografia1 (p. 79), mas "a pior das tristezas vinha nas pegadas das rodas dessa alegria!" Primeiramente, houve a febre; em seguida, a diarréia, a pneumonia e o delírio. Em 3 de março, Mary faleceu. "Para coroar meus sofrimentos e completar minha solidão, o querido bebê, a quem demos o nome do pai de Mary, Peter Robert Robson, foi tomado de mim depois de uma semana de enfermidade, em 20 de março" (p. 79).

Paton sepultou ambos com suas próprias mãos e "com lágrimas e orações incessantes... pedia a Deus aquela pátria". Ele confessou: "Se não fosse por causa de Jesus e da comunhão que tinha com Ele naquele lugar, teria ficado louco e morrido ao lado daquela sepultura" (p. 80). Que tipo de pai preparou John G. Paton para esse tipo de perseverança — mais cinqüenta anos de trabalho missionário árduo e fiel?

O pai de John Paton, James, se converteu aos dezessete anos e logo convenceu a mãe e o pai de que a família deveria orar junta de manhã e à noite. Paton escreveu sobre o seu pai:

Em seus dezessete anos, começou aquele bendito costume de oração com a família, pela manhã e à noite; e meu pai fez isso, provavelmente sem uma única omissão, até que descansou em seu leito de morte, aos setenta e sete anos de idade... Nenhum de nós lembra de ter se passado um dia sem este recurso de santificação. Nenhuma pressa para ir ao mercado, nenhuma pressa para os negócios, nenhuma chega¬da de amigos ou convidados, nenhuma aflição, ne¬nhuma tristeza, nenhuma alegria, nenhuma empolgação jamais impediu que, pelo menos, nos ajoelhás¬semos no altar familiar, enquanto o sumo sacerdote levava nossas súplicas a Deus e oferecia-se a si mes¬mo e a seus filhos no altar (p. 14).

O lugar do Dia do Senhor foi também crucial em moldai- os filhos em seu relacionamento com Deus e no gozo da comunhão com Ele. Paton escreveu:

Nosso lugar de adoração era a Igreja Presbiteriana Reformada, em Dumfries... a seis quilômetros de nossa casa em Torthorwald; mas a tradição nos diz que, durante todos estes quarenta anos, meu pai foi impedido de ir à adoração a Deus apenas em três ocasiões... Cada um de nós, desde a tenra idade, não considerávamos um fardo, e sim uma grande alegria, ir à igreja com nosso pai. Aqueles seis quilômetros eram um divertimento para o nosso espírito jovem, e a companhia, durante o caminho, era um novo estí¬mulo... outros poucos homens e mulheres piedosos, dentre os melhores evangélicos, se dirigiam à mesma igreja... e, quando estes camponeses tementes a Deus se encontravam, indo ou voltando da Casa de Deus, nós, os jovens, tínhamos raros vislumbres do que deveria e poderia ser a conversa entre crentes. Eles iam à igreja, cheios de magnífica expectativa de es¬pírito — a sua alma estava à procura de Deus, e retornavam da igreja prontos e ansiosos para com¬partilhar idéias a respeito do que tinham ouvido e recebido das coisas da vida (pp. 15-16).
Eu e meus dez. irmãos fomos criados em um lar como esse; e nenhum dos onze, rapaz ou moça, jamais falou ou falará que o domingo é monótono ou fatigante para nós (p. 17).

Assim era o pai e a família que preparou John Paton para sofrer, sobreviver e se regozijar no glorioso ministério do evangelho entre as tribos canibais das Novas Hébridas.

Pergunto a mim mesmo e a você:

1. A minha família tem um altar estabelecido? Há um lugar e tempo para a família centralizar-se na Palavra e na oração que têm prioridade sobre as coisas menos importantes?

2. Venho à adoração com uma magnífica expectativa de espírito, à procura de Deus?

Um dos segredos de criar filhos que suportam cinqüenta anos nas Novas Hébridas é ser pais disciplinados, saturados com a Bíblia, adoradores e alegres.

1   PATON, John G. The autobíography of John G. Paton. Edinburgh: Banner of Truth, 1965.

http://bit.ly/ajBaHc

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